quinta-feira, dezembro 09, 2010

Em resposta...

(explicação para este post no último parágrafo)

Ainda que o objectivo deste blog não seja fazer crítica de cinema, mais uma vez abro uma excepção.

E qual será o alvo de hoje? Depois de "O Sexo e a Cidade II" só pode melhorar... de facto, hoje falo sobre "Aquele Querido Mês de Agosto".

No dia 29 de Setembro, fui ver este filme com um grupo de 7 pessoas. De modo geral, comigo incluído, pensava-se que o filme era uma comédia. É meio verdade.

O "Aquele Querido Mês de Agosto" é um filme português que começou a correr mal ainda antes de começar. O orçamento original sofreu um corte significativo pois um dos responsáveis pelo patrocínio morreu antes de se iniciarem as gravações. Sem financiamento e com um projecto bastante dispendioso, o realizador Miguel Gomes opta por reduzir a equipa a cerca cinco elementos, o mínimo para uma equipa de gravações, e parte para a Beira Interior durante o Verão de 2006.

Nesse Verão regista, em forma de documentário, essa twilight zone que são as festas das diversas aldeias, os costumes, as histórias e paisagens do concelho de Arganil. É um documentário na primeira pessoa pois são os próprios habitantes das aldeias que nos vão contando diversos episódios, verídicos... e por vezes cómicos, de tão surreais.

Naturalmente, um documentário sobre Arganil e as festas de Verão, por si só, tem tudo para se tornar desinteressante, pelo menos em 2h30.  Sejamos honestos, se vos convidasse para um "espectacular documentário sobre festas de Verão" acabava sozinho...

Não sei se foi essa a motivação do realizador Miguel Gomes, mas felizmente o filme acaba por conseguir ser mais que um documentário.
Recordo-vos que o projecto ficou praticamente sem orçamento e no final do Verão de 2006 reduzia-se apenas a um conjunto de filmagens, sem uma história por trás.
Considerando estas limitações, o realizador opta por recrutar jovens actores amadores, do concelho de Arganil, recruta um dos produtores para um dos papéis, e durante o Verão de 2007 grava a parte ficcional do filme.

E é assim, que na minha opinião, o filme se torna "genial". Começa como documentário, apresentando o cenário, o ambiente, as tradições na primeira pessoa e subtilmente faz a transição para filme, introduzindo lentamente elementos de ficção. A certa altura não se percebe onde é que começa a ficção e acaba do documentário.

Esta excentricidade do realizador, por vezes criticada pois "ele quis foi fazer um filme com a mania que é intelectual", acaba por funcionar com sucesso. As personagens acabam por se movimentar nos cenários e usam os costumes que nos foram apresentados previamente: aquilo que à partida não faria sentido, encaixa perfeitamente...

Falta então comentar o argumento da parte ficcional do filme: não é nada de especial, assim como as actuações. Mas considerando o filme como um todo, não só corre bem, como penso que nem poderia ser de outra forma; as actuações amadoras encaixam totalmente no ambiente.

Se eu quisesse apresentar o Portugal do interior a um estrangeiro, ou mesmo a um português pouco viajado... mostrava-lhe este filme.

O único "problema"... é a duração. 2h 30 é demasiado tempo, principalmente os momentos mortos em que não se mostra nada mais que paisagem...

Resumindo: considerando as limitações de orçamento, considerando o tema a desenvolver, considerando as soluções encontradas e considerando o resultado... Gostei bastante.



Para acabar... (porque é que desconfio que saltaram do primeiro parágrafo para aqui?)  

Porque razão decidi fazer este post?

A principal razão é que eu saí da sessão ligeiramente irritado. Como o filme não era no estilo esperado, grande parte das pessoas com quem fui não gostou. Até aqui tudo bem. O problema foi que decidiram mostrar essa frustração durante o filme.

Como pensaram que eu estava a gozar quando disse que "sim, gostei!" comprometi-me a provar-lhes que era verdade.
Espero que este testamento sirva.

3 Comentários

At dezembro 10, 2010 12:34 da tarde, Blogger Tiago Krug said...

Fui ver com o teu irmão.
Grande filme!
Fartámo-nos de rir!
A minha irmã e o namorado sairam a meio... =P
Nem toda a gente consegue estar numa sala de cinema descontraidamente a ver paisagens e pessoas a falar de aparentemente nada, sem esperar absolutamente nada.
É um bom exercício.
A recompensa do filme chega depois ara o final, quando passa a fazer sentido. =)

 
At dezembro 11, 2010 7:45 da tarde, Blogger Gervasio said...

ahah, estou a ver que, mais uma vez, a opinião sobre o filme não é unânime!

 
At dezembro 11, 2010 9:08 da tarde, Blogger Joana Marto said...

Já queria ver, mas depois de ler o teu "gostei bastante", quero ver o filme que te amoleceu o coração dessa maneira :)

 

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