quinta-feira, fevereiro 17, 2011

O Discurso do Gerente

Na Sexta-feira passada fui ver o "Discurso do Rei".

O filme é excelente.

Sobre o filme é tudo, passemos ao que interessa.

Na Sexta-feira passada fui ver o "Discurso do Rei" ao El-Corte Inglês com a M.e a J. (nenhuma das três J. habituais... hum... isto já se está a tornar uma praga!) 

A sessão era a das 21.50 e cerca de 15 minutos antes lá estávamos nós, com bilhetes na mão, mesmo ansiosos para que o filme começasse. Sentia-me como se estivesse na Fnac à espera da meia-noite para comprar o último livro do Harry Potter.

A fila para entrar era bastante grande e continuou a crescer de forma perigosa: parecia o juro da dívida portuguesa a 10 anos.

Alheios a isto tudo, felizes e contentes, entrámos na sala. Eis então que somos confrontados com a dura realidade: estávamos duas filas acima do corredor de entrada. Com a larga fila de pessoas a entrar... não dava para ver a publicidade.

Resignado, aproveitei o facto de estar acompanhado para conviver: peguei no telemóvel para mandar mensagens. Ok, agora a sério. Não eram umas mensagens quaisquer. Eram mensagens de esperança: "se quiserem levo guardanapos para o jantar de amanhã" ditava-me a M.

Entretanto, o tempo passava e a fila continuava a não ter fim até que... para surpresa de todos... o filme começa. Num jogo de cabeça lá consegui ver o inicio mas... estranhamente, a fazer lembrar a "crise" do açúcar em Novembro... num instante a fila desapareceu! "Fixe", pensei eu, "agora vou poder desfrutar tranquilamente deste filme tão promissor. Vamos lá a isto..."

"Eish, que cena do caraças! Será que há gravações deste discurso do Duque de York? Parece quase impossível. Hum... mas que ruído é este...?". Algo de estanho se estava a passar...

"Então... mas... os funcionários do cinema estão ali a falar à porta da sala...?! Ignora...!! Olha, já existiam autoclismos naquela época? Ah, que parvoíce, isto passa-se na década de 30...". Mas à nossa volta a situação não acalmava...




Finalmente, o filme é interrompido, as luzes acesas e uma funcionária do cinema diz:

"Pedimos desculpa pelo incómodo, mas não podem estar pessoas sentadas nas escadas..."

Afinal tinha sido esta a razão para que a fila tivesse desaparecido tão rapidamente... Lembrei-me logo do défice do ano passado e do fundo de pensões da PT. Entretanto as pessoas levantaram-se para procurar os seus lugares e a certa altura... surge o gerente das salas! Note-se que não foi preciso ser nenhum dos clientes a chamá-lo.

Ironia das ironias... estávamos ali para ver como o Rei George VI superava o seu trauma com discursos e acabamos a ouvir um "discurso" do gerente. Resumidamente, veio pedir desculpa, explicou que não era possível estarem sentadas pessoas nas escadas e que o filme seria reposto do inicio.

Naturalmente, a situação era culpa da gestão do cinema, já que tinham aberto as portas tarde de mais para a afluência. No entanto, pelas reacções, percebia-se que aquela situação era inédita e, apesar de tudo, a solução arranjada foi a melhor possível: tinham passado apenas 5 minutos, repuseram o filme do inicio e o gerente deu a cara.

Problema resolvido? Claro que não.
Como é óbvio o direito das pessoas a manifestarem o seu desagrado permanece intacto. A mim não me causou transtorno, mas aceito que possa causar a outros.

Infelizmente, há quem ainda não tenha percebido que começar aos berros na sala a gritar "Isto é uma vergonha!!!", "Nunca vi nada a assim!!!", depois de já estarem a tentar resolver o problema... não serve para nada. Não gostaram do serviço? Tudo bem: livro de reclamações.

Fez-me confusão ver, mesmo atrás de mim, uma senhora com idade para ter juízo (são as piores...) a gritar como se estivesse tudo a arder, enquanto o gerente falava. A sério, para quê? O que é que o gerente iria fazer que não tivesse já feito? Está infeliz? Reclame à vontade, mas no sítio certo.

Gostava mesmo de saber se no final ela foi escrever no Livro de Reclamações. E gostava mesmo de saber se ela põe assim tanto brio nas coisas como pôs neste assunto absolutamente... irrelevante?

Mas a cereja no topo do bolo foi mesmo um senhor que, ao perceber que o problema eram as pessoas mal sentadas, não teve qualquer problema em dizer de forma audível "isto são todos uns palhaços".




Daqui vai um abraço de solidariedade para com o gerente.

1 Comentários

At maio 25, 2011 6:06 da tarde, Anonymous Mariana said...

um abraço solidário merecem os outros espectadores que lá estavam e levaram esta cena com uma valente gargalhada e a boca aberta de espanto. Aborrecimentos no fds... jamais ;)

 

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