sexta-feira, março 09, 2012

Sem sentido

Nem há 1 ano (12 de Março de 2011) ocorreu em Lisboa a manifestação da "Geração à Rasca".

Na altura aceitei o desafio da JM e expliquei porque razão não participei nessa manifestação, mesmo estando, à data, enquadrado numa das situações descrita como precária.

Escrevi na altura:

"Então, porque razão não estou de acordo com o protesto? Parece-me que, tirando alguns casos específicos que já referi, ainda não se percebeu que o verdadeiro problema - o desemprego (e em parte, a precariedade) não se combate apenas por decreto.


Há uma grande diferença entre uma geração qualificada e uma geração estrategicamente qualificada."

Vem isto a propósito de um artigo no Público do dia 5 de Março: "Associação Académica de Coimbra contra adaptação do ensino superior às necessidades do mercado".

"Não queremos um país sem filósofos, um país sem historiadores, sem pensadores."

Não adaptar o investimento no Ensino Superior às necessidades do país é desperdiçar recursos - principalmente, e o mais importante - recursos humanos. Não adaptar o investimento é continuar a alimentar expectativas - ilusões - que tem servido apenas para engordar  estes números.

Uma adaptação adequada do ensino superior jamais conduziria à extinção de cursos de Filosofia ou História.

Publiquem-se listas - oficiais - com a empregabilidade dos cursos, por faculdade. Discuta-se o financiamento público de determinados cursos (que é diferente de os extinguir). Apresentem-se as saídas profissionais que cada curso oferece na realidade, através da experiência de antigos alunos.

Sou, naturalmente, a favor da diversidade da oferta no ensino superior. No entanto, e esta declaração da AAC vai nesse sentido, continua a dificuldade em perceber que  "há uma grande diferença entre uma geração qualificada e uma geração estrategicamente qualificada". Até lá, teremos na televisão dezenas, centenas de casos, de desempregados com formações insuficientes ou desfasadas da realidade nacional.

E nestes casos, qual é a obrigação do governo/sociedade?

Por um lado, não se aceita que o governo adapte o investimento de modo a responder às necessidades do país - heresia!
Por outro, exige-se que esse mesmo governo crie condições de emprego para todos, para todo em qualquer caso, na área de formação de cada licenciado, mesmo quando essa formação não responde às necessidades do país.

A adaptação do Ensino Superior às necessidades do mercado não é uma questão de gostar.

1 Comentários

At março 13, 2012 12:26 da manhã, Blogger Joana Marto said...

http://abrupto.blogspot.com/2012/02/nova-luta-de-classes-ha-dias-no.html

Nem tudo está ligado ao que falas. Está para lá.

 

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