sábado, setembro 18, 2010

Pechisbeque

[análise à pulseira Power Balance]

Podem começar a estranhar a minha insistência com este tema mas há uma razão simples: quando um fenómeno chega ao nosso círculo de amigos já não o podemos ignorar.

Resolvi então, de uma maneira minimamente fundamentada, demonstrar que a pulseira não serve para nada.

Comecemos apenas por relembrar que a pulseira power balance promete, por uns míseros 35€, 38€,  melhorar o vosso equilíbrio e a flexibilidade. Este feito é conseguido usando dois hologramas programados para interferir na frequência de ressonância da energia natural do nosso corpo, 7.81 Hz.

Diz-se, não consegui confirmar a fonte, que foi inventada por um engenheiro da NASA...



Equilíbrio e Flexibilidade

Antes de começarmos a ir buscar links por essa net fora, vamos parar para pensar um pouco. Só um pouco...
Equilíbrio e Flexibilidade. Conhecem outros parâmetros tão subjectivos como estes? Como é que se mede o equilíbrio de forma inequívoca numa pessoa? Desconheço as unidades de equilíbrio...

Peso: Kg
Distância: Metro 
Tensão eléctrica: Volt
Corrente: Ampere
Pressão arterial: mmHg

Equilíbrio: Equi?

"Eu tenho 30 Equis." "Epá, 'tás em grande forma!"

Já com a flexibilidade a subjectividade não muda muito. Já foram com o carro à inspecção? Num dos testes o motor é levado às rotações mais altas para medir as emissões. São realizados cerca de 5-7 testes. Sabiam que sempre que o tipo carrega no acelerador as emissões baixam? O motor fica mais quente e queima melhor...

Resumindo, a genialidade desta pulseira começa logo pelo conceito: totalmente subjectivo e, claro, precisamente na zona de conforto do amigo Placebo.

Já pensaram se a pulseira garantisse que reduzia as vossas horas de sono para metade, mantendo a mesma vitalidade? Ao fim de um mês acho que não iria haver Placebo que resistisse: ou era mesmo verdade ou ninguém vos tiraria da cama.
   

O Cristiano Ronaldo e outros desportistas também usam!

Caros, o CR é conhecido por saber jogar à bola. Já sobre o seu QI não tenho nenhuma informação. Depois,  não podemos excluir o efeito placebo (nem ele está imune) nem o ... marketing.


E para acabar...
 
Para acabar, e porque prometi fundamentar minimamente este post, gostava que soubessem:

1. "A Universidade Politécnica de Madrid, testou a pulseira em 79 voluntários e provou que 'não têm nenhum resultado sobre o equilíbrio do corpo' "

2. Minuto 3:00 deste vídeo que mostra claramente a fraqueza dos testes de equilíbrio propostos pela empresa...



Conclusões 

Posto isto, acho que não ficaram dúvidas: é quase uma burla.

De resto, acho a pulseira Power Balance um fenómeno espectacular. Conseguir reunir todos os ingredientes para convencer uma parte significativa da população, incluindo pessoas com um alto nível de formação académica ... é de génio.

Honestamente, hoje acredito que será possível convencer qualquer pessoa a usar um chapéu de papel a dizer "Tótó", prometendo... sei lá... reduzir o atrito da respiração nos pulmões?

A pulseira reúne 'n' ingredientes para a tal "receita simples":

1. Promessa de melhorias a um nível subjectivo;
2. Credibilidade garantida pelo "engenheiro da Nasa";
3. Fundamentação "científica" confusa e esotérica (mistura frequência de ressonância com "energias");
4. Preço credível. Se não fosse verdade não era tão caro. "Galinha gorda por pouco dinheiro...".

e por fim...

5. Tem hologramas. Ninguém resiste a um holograma. Um holograma é como um ursinho de peluche, não faz nada mas a criança dorme descansada. O que é que é um holograma? Não sei, mas tem um ar mágico. Vou colar um na testa. Eish, consigo ver através das paredes. Ah espera, é uma janela.




[para não tornar este post muito comprido, ficará para mais tarde uma "conclusões II"] 

5 Comentários

At setembro 18, 2010 11:42 da tarde, Blogger Joana Marto said...

Gervas, ando a adorar ler-te! Estás muito bom! Acutilante e humoradíssimo. Saudades de te pagar um pastel de nata e café... :)

Bjs e não estava nada longo!

 
At setembro 20, 2010 10:28 da manhã, Blogger Mith said...

Caro amigo, concordo plenamente com esta tua análise cientifica a esse objecto de culto bem parvo.

E concordo com a tua conclusão de ser um fenómeno digno de estudo.
O efeito placebo sempre foi algo que achei muito poderoso: uma simples colher de açúcar com água pode curar diversas "doenças" se for servido como sendo um remédio fantástico; um pulseira inútil pode servir mostrar a realidade do provérbio inglês - "a fool and his money are soon parted".

E mais uma coisa te digo, tenho curiosidade em ver uma coisa dessas de perto, contudo não conheço ninguém que tenha comprado um pulseira dessas... ou então não a mostram!

Abraço!

 
At setembro 20, 2010 4:07 da tarde, Anonymous Anónimo said...

GENIAL!!!
Conseguiste sintetizar todas as minhas considerações sobre tal objecto num post.
Parabéns!!!

jttvm

 
At setembro 21, 2010 3:33 da tarde, Blogger Pedro de Arimateia said...

De salientar que "i" foi procurar a opiniao dos portugueses, e para tal recorreu... à Bibá Pitta! Damn, a pulseira deve ser mesmo fantastica!

 
At outubro 26, 2010 10:57 da manhã, Blogger Mith said...

Embora este post já seja algo antigo, pelo menos no que se refere ao tempo de vida na Internet, encontrei este link que achei que devia partilhar: http://www.deco.proteste.pt/saude/pulseiras-holograficas-placebo-a-preco-elevado-s613131.htm

A deco deve ter visto este teu post ;)

 

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