Situação:
Metro, Linha Azul, 17.30, Segunda-feira.
Nos lugares reservados a grávidas estava uma cigana com uma criança ao colo. Trazia alguns embrulhos aos pés.
Encostada à porta da carruagem, do lado que não abre, encontra-se uma senhora, na casa dos 30 anos. Até era gira.
Encontro-me encostado do lado oposto, com uma visão priveligiada sobre a situação.
A certa altura a jovem mãe interroga a jovem gira:
- "Então vai sair onde?"
- "Jardim Zoológico."
Como calculam este curto diálogo foi o suficiente para me chamar atenção.
- "Mas ò freguesa, também lhe arranjo um número mais pequeno..."
E dito isto saca de um vestido verde, tira-lhe o plástico e mostra-o à potencial cliente, que olha interessadamente.
- "Quanto é?"
- "1 euro!"
E temos negócio. A jovem senhora tira 10€ da carteira e entrega-os à jovem mãe, em pleno metro, hora de ponta.
- " Olhe... não tenho troco! Bolas... Não tem duas notas de cinco euros?"
- " Não, só tenho isso."
Então, venho o negócio a fugir, a jovem mãe vira-se para os lados e pergunta:
- " Alguém tem cinco euros? Não? E você? Não tem duas notas de cinco euros?"
Ninguém respondeu ao pedido e o negócio desfez-se. O vestido voltou para a jovem mãe e os 10€ para a jovem gira.
Entretanto reparo, pelo canto do olho, que duas senhoras mais velhotas, provavelmente tocadas pela criança ao colo da jovem mãe, procuram desesperadamente na carteira pelas tais duas notas de 5€.
Eis então que chega o metro à estação do Jardim Zoológico.
- "Olhe!! Aquela senhora tem os 10€!" - diz uma senhora com cara de quem não faz nada na vida para além de se meter onde não deve.
- "Ah, mas já chegámos à estação... tenho que ir." diz a jovem gira.
E num relâmpago, mudando de ideias, no espaço de tempo das portas das carruagens estarem abertas, a senhora aceitou a troca da sua nota de 10€ por 10 moedas de 1€ [!!!], entregou 1€ à jovem mãe, e recebeu o vestido, e saiu da carruagem com a alegria do bom negócio.
Espectacular, não foi?
Um dia talvez vos conte como é que um senhor ao pé do ist faz dinheiro com os parquímetros da eme l, sem no entanto violar uma regra que seja.