Estrume
(uma crítica ao filme "Sexo e a Cidade II)
É isso mesmo, o título deste post é "estrume". Na realidade eu queria dar-lhe outro nome mas os princípios pelos quais este blog se rege não me permitem.
Passo a explicar:
Sexta-feira passada aceitei ir a uma jantarada com um grupo de amigos que incluía, no final, uma sessão de cinema. Qual foi o filme escolhido? (note-se a presença de elementos do sexo feminino no grupo...)
*pausa para respirar*
"O sexo e a cidade II"
É verdade, eu aceitei ver este filme porque, ouvi dizer, "é um filme com boa disposição, dá para descontrair".
Queria só dizer que este filme é o maior monte de lixo que já vi até hoje. Então e porquê?
Comecemos pelo básico. A história. O filme NÃO tem nenhuma história por detrás. Ah, esperem. A actriz principal faz dois anos de casamento. Infelizmente o casamento está a passar por uma fase menos boa:
Cena I
Ela - " Onde é que queres ir jantar hoje?"
Ele - "Por mim ficamos em casa e mandamos vir."
Ela - "Mas fizemos isso a semana passada!"
Ele - "Então mas ontem também jantámos fora! Gostava de ficar em casa a desfrutar este sofá que demorou um ano a chegar."
Ela a pensar - " Sinto que o meu casamento já não é como era... antes íamos jantar fora... agora comemos em casa... acho que estamos a entrar na rotina".
OH NÃO!!! POR FAVOR!!!
Para além da história inexistente, é preciso referir outros momentos "deliciosos" do filme:
Cena II
Ela - "Mantive o meu antigo apartamento porque não é fácil vende-lo. Assim, sempre que posso e quero trabalhar, venho para aqui. Por vezes... venho só para visitar a minha roupa."
Cena III
Uma das personagens que tem filhos está na cozinha com as filhas. Ao mesmo tempo está também ao telefone com a Carrie (?). A certa altura uma das filhas, com as mãos cheias de massa, suja a saia da mãe:
Ela - "OH NÃO!! O QUE É QUE FIZESTE À MINHA SAIA!??!?!"
Carrie (do outro lado do telefone) - "O que é se está a passar? QUAL SAIA??"
Ela - "Bolas... era a minha saia Versace Vintage!!"
Carrie(?) - "Ohhh!"
Cena IV
Carrie a andar de saltos altos em casa como quem anda de chinelos.
E o resto do filme é todo assim. Sapatos, jóias e vestidos. Quatro senhoras com a mania que têm pensamentos muito profundos e problemas graves a passear e a viver um estilo de vida que 99,999% da população nem sonha. Superficial, oco, ridículo, este filme é um hino à estupidez e um insulto à Mulher. Oh não, estou a ser muito duro? Ohh, que pena.
Por fim, o filme faz uma comparação directa entre as mulheres americanas e a "coitadas" das mulheres do médio-oriente que tem que usar burkas. Ainda que eu seja contra tudo o que seja o condicionamento da liberdade da mulher, a comparação acaba mal. A mensagem que o filme passa é: mulher americana é ridícula.
Ao sair do filme e ao manifestar a minha desilusão pela trampa de filme ainda tive que ouvir um "mas já sabias ao que vinhas!!" - não, não sabia - isto é surreal.
Um ponto positivo pela amiga I. que, pareceu-me, partilha a minha opinião - nem tudo está perdido.
Conclusão, a um filme que faz tudo para ser fashion, só me vem isto à cabeça: este foi o filme mais bimbo que vi até hoje.