domingo, março 18, 2012

Para recordar

Detesto fatalismos, dramas, falhanços garantidos à partida, predestinações.

Foi ("só") um jogo de futebol. Mas serve de exemplo.

Sporting - Manchester City. Épico.


Decidi escrever este post após a 1ª parte do 2º jogo. Mesmo que perdessemos, a atitude demonstrada pela equipa valia pelo(s) jogo(s).

Coicidência ou não, recebi este vídeo no mail:




Este senhor, Ribeiro Cristóvão, é do Sporting. Entre outros: "o Sporting poderá ser triturado" ou "esperemos que o Sporting não envergonhe o futebol português".

Se este senhor fosse o treinador, teríamos jogado para perder pela margem mínima. E teríamos perdido de forma humilhante.

O Ricardo Sá Pinto pode não ser um treinador genial, mas ganha por uma questão de atitude. Pode não ser o suficiente, mas é essencial.

domingo, março 11, 2012

O homem do fraque

Como toda a gente sabe, foram os alemães que inventaram o dinheiro, já há uns tempos.
Entretanto, uns anos mais tarde, os suíços descobriram que deixar o dinheiro ao frio estragava as notas e por isso criaram os bancos.

Por necessidade, os franceses criaram o crédito, já que tinham a tendência para se esquecer da carteira sempre que iam comprar baguettes e comer croissants.

Posteriormente os ingleses criaram as taxas de juro porque perceberam que plantar o dinheiro não o fazia crescer.

Já os espanhóis optaram por investir na armada invencível, para atacar os ingleses, pois também eles queriam mais dinheiro. Perderam a guerra e daí o ditado "o dinheiro não trás felicidade".

Por fim os italianos inventaram a fuga aos impostos e a economia paralela enquanto os gregos inventaram os subsídios.

E os portugueses? Os portugueses inventaram a cobrança. A necessidade aguça o engenho e cedo os portugueses perceberam que era muito mais fácil resolver problemas de tesouraria... cobrando.
Começámos por Ceuta em 1415 e acabámos no PEC IV. Desenvolvemos uma das mais eficazes máquinas fiscais da Europa, inventámos a Via Verde, os cartões pré-pagos dos telemóveis e somos dos poucos países onde é possivel pagar praticamente tudo por multibanco.

A cobrança está de tal forma enraizada que chegámos mesmo a inventar o "inovador" Porta Moedas Multibanco, que funcionou (mal) até alguém perceber que não acrescentava quase nada aos meios de pagamento já existentes.

Eis a breve história do dinheiro.

sexta-feira, março 09, 2012

Sem sentido

Nem há 1 ano (12 de Março de 2011) ocorreu em Lisboa a manifestação da "Geração à Rasca".

Na altura aceitei o desafio da JM e expliquei porque razão não participei nessa manifestação, mesmo estando, à data, enquadrado numa das situações descrita como precária.

Escrevi na altura:

"Então, porque razão não estou de acordo com o protesto? Parece-me que, tirando alguns casos específicos que já referi, ainda não se percebeu que o verdadeiro problema - o desemprego (e em parte, a precariedade) não se combate apenas por decreto.


Há uma grande diferença entre uma geração qualificada e uma geração estrategicamente qualificada."

Vem isto a propósito de um artigo no Público do dia 5 de Março: "Associação Académica de Coimbra contra adaptação do ensino superior às necessidades do mercado".

"Não queremos um país sem filósofos, um país sem historiadores, sem pensadores."

Não adaptar o investimento no Ensino Superior às necessidades do país é desperdiçar recursos - principalmente, e o mais importante - recursos humanos. Não adaptar o investimento é continuar a alimentar expectativas - ilusões - que tem servido apenas para engordar  estes números.

Uma adaptação adequada do ensino superior jamais conduziria à extinção de cursos de Filosofia ou História.

Publiquem-se listas - oficiais - com a empregabilidade dos cursos, por faculdade. Discuta-se o financiamento público de determinados cursos (que é diferente de os extinguir). Apresentem-se as saídas profissionais que cada curso oferece na realidade, através da experiência de antigos alunos.

Sou, naturalmente, a favor da diversidade da oferta no ensino superior. No entanto, e esta declaração da AAC vai nesse sentido, continua a dificuldade em perceber que  "há uma grande diferença entre uma geração qualificada e uma geração estrategicamente qualificada". Até lá, teremos na televisão dezenas, centenas de casos, de desempregados com formações insuficientes ou desfasadas da realidade nacional.

E nestes casos, qual é a obrigação do governo/sociedade?

Por um lado, não se aceita que o governo adapte o investimento de modo a responder às necessidades do país - heresia!
Por outro, exige-se que esse mesmo governo crie condições de emprego para todos, para todo em qualquer caso, na área de formação de cada licenciado, mesmo quando essa formação não responde às necessidades do país.

A adaptação do Ensino Superior às necessidades do mercado não é uma questão de gostar.