quinta-feira, janeiro 26, 2012

Feriados

Na ordem do dia está a aparente polémica em torno do fim dos feriados do 5 de Outubro e do 1 de Dezembro.

A juntar a outros dois feriados religiosos, o objectivo é aumentar a produtividade do país (estamos a falar de mais 5 dias de trabalho, se considerarmos que pelo menos um destes feriados dê uma ponte).

Não me interessa discutir a validade da medida - até porque não tenho dados para o fazer - mas olhar para alguma argumentação usada para a pôr em causa.

Diz a Associação de Professores de História (APH) que, no 5 de Outubro, "Nem o Estado Novo se atreveu a mexer".

E acrescentam: "[A matéria do 5 de Outubro] É sempre um tema alvo de exame ao nível do ensino secundário e de testes nacionais intermédios do nono ano".

"[O 5 de Outubro é] fulcral para se perceber a diferença entre a Monarquia e a República e entre a República e o Estado Novo [...]  É igualmente fulcral para perceber as propostas dos republicanos que continuam com toda a atualidade".

E concluem dizendo: "[O fim destes feriados constitui] uma agressão à memória histórica dos portugueses".

Surreal.

Gostaria de recordar à APH que o Estado Novo também não se atreveu a mexer na questão da independência das colónias. Recordemos: daquilo que o Estado Novo fez ou deixou de fazer, em particular na última década, pouco serve de exemplo.

Continuando, confesso a minha dificuldade em perceber qual é a relação entre os feriados e a matéria de exame. Um professor deixa de dar matéria por falta de feriados históricos? Segundo percebi... o 5 de Outubro continua a ser o aniversário da implantação da República, independentemente de ser feriado ou não!  E não existe nenhum feriado a comemorar a chegada à Índia ou ao Brasil, matéria essa saiu no teste...

Entretanto, para perceber a diferença entre Monarquia e República, ou as propostas da República, é necessário que a matéria seja dada nas aulas e que haja interesse da parte que quem aprende. Quem não está interessado em aprender/perceber não o vai ficar a saber devido ao feriado.

Por fim, a memória histórica dos portugueses já sofre agressões há muito tempo. Se o objectivo de um feriado é evocar um acontecimento histórico e se uma parte significativa da população não tem a mínima noção da memória evocada (sejamos realistas...) então o feriado não está a cumprir o seu papel.


A discussão sobre o papel e a importância dos feriados pode (e deve) ser levada mais longe que isto. Mas com argumentos destes, dificilmente pode ser levada a sério.

terça-feira, janeiro 24, 2012

Perspectivas




Foi a música deste vídeo que, há vários anos, me colocou na rota de guitarristas como Steve Vai ou Joe Satriani.

Esta 5ª Sinfonia de Beethoven, interpretada por Danney Alkana, é uma excelente demonstração que estilos aparentemente distintos podem, afinal, estar muito próximos.

E esta, hein?

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Atitude

Recentemente vi uma TEDx Talk com o Miguel Gonçalves.

Quem é o Miguel Gonçalves? Pouco sei, tirando que é um jovem empreendedor do norte do país.
O vídeo tem 30 minutos e fala sobre empreendedorismo e atitude no contexto empresarial, ainda que muito do que foi dito possa ser aplicado num plano pessoal.
Desinteressante?

"Como se diz na minha terra, [se queres uma coisa] tu agarra e amassa até a laranja cair. É nisto que eu acredito." (28:05)



Contra o fado e o fatalismo que nos caracterizam enquanto povo. Vale a pena.




Destaco os seguintes momentos:


12:45 - Conta uma história sobre uma jovem com uma licenciatura em cenografia e está desempregada há 7 anos...


18:30 - Referência ao pessimismo português: "Somos um país que amassa os sonhos de toda a gente... ahh, um mal nunca vem só... Porquê? Porquê??"


19:20 - "Nunca tiveram com aquelas pessoas com quem vão jantar e não sabem porquê... parece que levaram uma coça... sempre para baixo, sempre negro, sempre negro...".


20:15 - "Começa tudo com a palavra. O verbo é o início de tudo. (...) A nossa substância transforma-se quando nós dizemos - Se procuras preto... é preto que encontras."


28:05 - "Como se diz na minha terra, (se queres uma coisa) tu agarra e amassa até a laranja cair. É nisto que eu acredito.".