sábado, setembro 29, 2007

Intra Rail - Dia 7

De todas as cidades a visitar, Viana do Castelo era a que tinha criado mais expectativas em mim.
Todas as pessoas com quem eu falava sobre o Intra-rail diziam maravilhas sobre esta cidade.

Quando a expectativa é muita a desilusão tende a ser maior e daí o meu receio sobre estes dias.

Qual a minha opinião sobre Viana?

Dia 7 - Viana do Castelo

Na manhã do dia 7 acordei da mesma maneira que me deitei: a ouvir as máquinas que estavam a trabalhar nas obras da Ponte Eiffel [ponte que passa sobre o Rio Lima].

Depois dos dias quentes de Guimarães, o início da visita a Viana coincidiu com o início da chuva e do tempo nublado. Nunca gostei tanto de dias cinzentos!

A descoberta de Viana começou com um passeio pelo centro histórico da cidade. Logo aí percebi que ia gostar.

Viana é uma cidade pequena. Pequena em tamanho e pequena em altura; à parte de um edifício de 10[?] andares que a câmara anda a tentar demolir, não há prédios tal como os conhecemos aqui em Lisboa. Esta característica torna a cidade "respirável". E ainda há o rio. E o mar. E o monte. E, segundo um documentário, as mulheres!

Durante este passeio matinal visitamos várias igrejas. Ficou-me na memória a de S.Domingos. Fomos também ao museu da cidade [cujo bilhete permite ir também ao museu do Traje] e ao forte de Santiago da Barra. Acabámos a almoçar numa tasca que ficava no bairro dos pescadores [certo I.?]

Na parte da tarde fomos ao museu do traje. Antes de mais, quero salientar que em ambos os museus fomos sempre bastante bem recebidos.

Assim que chegamos ao museu do Traje, a funcionária ligou-nos logo a televisão para vermos um documentário sobre Viana, sobre as festas de Viana e, principalmente, sobre seu traje. Estava muito bem feito e deu-nos uma ideia sobre a Festa de Nossa Senhora da Agonia e da sua importância para cidade. No entanto, o final desse documentário mudou radicalmente a minha postura durante o resto da visita.

Ao enunciar as qualidades de Viana do Castelo, o vídeo acaba a falar das mulheres que "são consideras umas das mais belas da Europa" e que se "caracterizam por serem morenas" e ... "pelo seu nariz bem constituído e escultural", mostrando ao mesmo tempo vídeos do espécime em questão.

Ora... quando saí do museu dei por mim a olhar para os narizes das mulheres com quem me cruzava, numa tentativa de identificar se eram ou não vianenses.
Imaginem agora se em vez de ele falar nos narizes ele tivesse falado nos seios. Tinha sido giro...

Depois do fiasco do teleférico de Guimarães, havia um certo receio em relação ao elevador de Santa Luzia. Será que valia a pena? Valeu, e muito. A paisagem é deslumbrante e a igreja tem um certo interesse.

De volta à cidade, ainda houve tempo para ir à Sé e para alguns cederem ao impulso consumista antes de jantarmos num restaurante típico, um pizzaria.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Intra Rail - Intervalo

Não tenho escrito nada sobre o intra-rail por uma razão: IST.

Desde que comecei as aulas no dia 10 de Setembro só houve um único dia que não fui ao Técnico, o que se traduz numa grande inércia na hora de exercitar a memória.

Como a vida não pára e voltei para o IST, começaram a surgir histórias com nível para virem para o blog, que não podem ser adiadas. E esta é uma delas:


Duas abordagens para o mesmo problema

Na sexta-feira fui a um jantar de uma amiga que vai um ano de Erasmus. Note-se que é a segunda vez consecutiva que um jantar dessa amiga vem parar ao blog.

Para o restaurante dei boleia a dois amigos: o A.C. e o Mavs.

Íamos muito felizes em direcção ao restaurante, já depois de ter estacionado o carro, quando passam à nossa frente duas jovens com quem a natureza foi generosa.

Para meu espanto o Mavs vira-se para mim e diz muito alto: "Qual é a que escolhes pah? A loira? É a loira?"

Naturalmente que elas ouviram ... e não gostaram. A tal loira vira-se para trás e diz-lhe, num tom rude: "Tens algum problema? Tens algum problema? Vê-la!", enquanto acena com a mão, num tom ameaçador.

"Calma! Estava só a dizer que eras bonita! Não é preciso ficares assim!", responde o Mavs.

Conclusão: felizmente que havia uma distância de segurança entre nós, ou teria sido giro.
Note-se que o A.C. e eu mantivemos uma postura completamente passiva e incrédula.

"Aprende comigo", dizia-me o Mavs.


Não há coincidências, diria a minha amiga Guida Rebelo Pinto. Hoje, segunda feira, foi o primeiro dia de aulas dos caloiros no IST. Depois de cumprido o horário, a R. e eu deambulávamos pelo IST para ver as praxes dos outros cursos.

Talvez pelo calor que se fazia sentir, ou então só pela necessidade que eu tenho de ser parvo, fiz uma proposta à R., enquanto passávamos na estrada que fica entre o Central e a cresce do IST:

"Olha, se eu for passear ali para o meio da rega automática tu pagas-me o almoço?"
"Não."

Enquanto este diálogo se desenrolava, passava por nós uma jovem que, tal como no caso anterior, também tinha algumas qualidades. Claramente ela tinha ouvido a minha proposta à R. e, sem explicação, deu-me uma panca [mais uma!] e disse num tom audivel:

"Epah, quem nos ouvir ... o que é que ficará a pensar?!"

Ao ouvir isto a jovem, que já ia um pouco mais à frente, esboçou um sorriso, mas continuou a mexer no telemovel. Ao ver isto aproveitei a dica:

"Aposto que se ficam a rir de nós..."

E eis que a magia acontece. A jovem, tal como no caso anterior, pára, mas desta vez irradiava um grande sorriso e uma grande disposição:

"Ok, eu admito! ... Eu admito! =D" [o smiley é para reforçar a ideia].

Não, não fiquei com o número dela nem o nome. Ela foi para a Torre de Quimica enquanto nós fomos na direcção oposta.

Serve o presente post para dizer:
"Mavs, aprende comigo".

segunda-feira, setembro 10, 2007

Intra Rail - Dia 6

Dia 6 - Guimarães - Viana do Castelo

Depois da tortura do "telesférico" e de passar "o serão" a ver alguns macacos a jogar snooker a noite foi de tudo, menos de descanso.

Embora a pousada de Guimarães seja de 5 "pinheiros" os beliches vieram directamente da sucata. Pode parecer exagerado mas pela primeira vez dormi num beliche em que o facto de mexer um braço fazia o beliche abanar todo. Imaginem agora o que é que significava ter que me virar.

Na manhã seguinte continuamos o passeio por Guimarães. Foi um dos momentos mais soft, uma vez que apenas visitamos o centro da cidade. Nada de especial a assinalar já que o principal tinha sido visto no dia anterior.

O almoço

Nesse dia fomos almoçar ao centro comercial do sítio [espero que só haja mesmo um, porque não me lembro do nome dele]. Não era a primeira vez que íamos lá, já que comprámos aí o nosso jantar. E qual foi o sitio que eu escolhi para ambas a refeições? Nada mais nada menos que o

"Universo das Sandes - A melhor sande que você já comeu"

O que é isto?! A melhor sande?
Nada de slogans elaborados, tipo "Universo das Sandes - Uma constelação de sabores".
O quê, é preciso um slogan? Como é que se diz sandes no singular? Sande? "A melhor sande que você já comeu". Toma lá Maria.

Claramente o universo das sandes demonstrava ser um negócio provinciano, não obstante toda a decoração moderna do espaço. Vem agora a parte deveras curiosa:

Sim, foi uma das melhores sandes que já comi. O atendimento era espectacular e a sande estava realmente muito boa. A melhor sande que já comi? Anda lá perto.

A discussão

Enquanto me deliciava com a sande tive a discussão mais mortífera de todas. Qual era o tema da discussão? Força de Coriolis.

Quase fui enforcado por dizer que a força de Coriolis não afecta de maneira visível o modo como gira o remoinho de água de uma bacia. De salientar que a R. não ficaria tão incomodada se eu tivesse vomitado para dentro da mala dela.

Meus caros leitores e todos aqueles que de alguma forma me queriam matar:

Nunca neguei a existência força de Coriolis [seria ridículo!]. No entanto essa força não tem intensidade suficiente para afectar o sentido do remoinho. Para tal acontecer era preciso existirem uma série de condições ideais que não se encontram no dia-a-dia.

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Fontes:

- Wikipédia - Draining bathtubs and toilets
- Projecto Hockham - Mitos
- Interesting thing of the day
- Departamento de Física Centro de Ciências Físicas e Matemáticas Universidade Federal de Santa Catarina Bairro da Trindade [pdf]

Livros:

- A Física do Quotidiano - Istvan Berkes [professor universitário] - Gradiva - Página 42
- O Grande Circo da Física - Jearl Walker - Gradiva - Pergunta 4.67
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Depois do magnífico almoço fomos para a pousada esperar pela hora do comboio. Ficamos cerca de 2 horas a vegetar na sala de convívio. Não vos posso contar muito sobre o que se passou por lá porque passei a maior parte do tempo ... a dormir.

Viana do Castelo

Era altura de mudar de cidade e por volta das 19.30 chegámos a Viana do Castelo.

Assim que começamos a andar na avenida principal de Viana fomos logo interpelados por uma senhora:

"Então? Quantos sois? Já tendes quarto? Olhem que vos arranjo um quarto grande lá em minha casa por um preço barato."

E enquanto tentávamos despachar a senhora há um homem que se aproxima, pega no braço do BS, afasta-o um pouco e diz-lhe:

"Tenham cuidado, não se deixem ir em cantigas! Aquilo é tudo uma máfia ... eu faço-vos um preço mais barato!"


sábado, setembro 01, 2007

Intra Rail - Dia 5

Dia 5 - Porto - Guimarães
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Locais visitados no Porto:

. Serralves [-]
. Casa da Música [++]
. Parque da cidade [.]
. Metro do Porto [+]
. Centro da Cidade [+]
. Zona Ribeirinha [++]
. Sé [.]
. Caves Offley [--]
. Estádio do Dragão [+]

Legenda:
[+] - gostei
[.] - não foi mau
[-] -esperava mais
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Embora tenhamos visitado mais algumas coisas, estas são as de relevância.


Dia 5 - Guimarães

Depois da alteração de planos, seguimos directamente para Guimarães.
Este Verão só tivemos dois dias de grande calor. Naturalmente, o primeiro tinha que coincidir com a nossa visita a Guimarães, terra sem rio ou mar.

Chegámos à estação por volta das 14h30. Não se via ninguém na rua. Perguntamos num café onde era a pousada mas mesmo assim conseguimos andar para a frente e para trás feitos parvos. Cá para mim foi a melhor maneira que a S., guia de Guimarães, encontrou para nos fazer emagrecer compulsivamente. Adorei.

Depois de ficarmos deliciados com a pousada de 5 "pinheiros" [a escala das pousadas da juventude em Portugal mede-se em pinheiros] voltamos a sair para procurar um lugar para comer, às 15h da tarde. Encontramos um sitio muito bom, que quase nos condenou à morte.

Estava um calor morte e o dono do restaurante arranjou-nos uma mesa que ficava numa cave estupidamente fresca. Até apetecia chorar de felicidade.

Comemos alegremente enquanto discutíamos o que se iria ver. Um dos empregados simpaticamente veio ter connosco e perguntou:

"Estais a visitar a cidade? É a primeira vez que cá vindes?"

Uma vez que alguns de nós nunca tinham estado lá [acho eu] respondemos que sim, era a primeira vez que estávamos em Guimarães.

Como fui eu que respondi à pergunta do empregado e ele não deve ter gostado da minha cara, decidiu, logo ali, sem hesitação ou compaixão, condenar-nos à morte:

"Então se é a primeira vez que aqui vindes, ide ao teleférico. Ides ver uma grande vista."

Logo ali juntamos, com uma alegria inocente, esta recomendação aos planos para a tarde. Seria como a cereja em cima do bolo.

Depois de acabar o almoço saímos de novo para o forno e demos inicio à visita.

A visita

Começamos por visitar o Museu Alberto Sampaio. Para além de uma grande colecção de alfaias litúrgicas e arte sacra houve uma peça que não me deixou indiferente: o loudel de D.João I.

Segundo consta, D.João I usou o loudel na batalha de Aljubarrota. Não que eu tenha sido tomado por uma febre nacionalista, mas aquela peça é testemunha de um dos vários acontecimentos decisivos para o país, prova do sacrifício que várias gerações antes de nós fizeram para afirmar a nossa identidade. Gostava de convidar este senhor a passar por lá.

Após a visita ao museu andámos pelo centro histórico. Subimos até ao castelo e visitamos o Paço dos Duques de Bragança. O Paço sofreu muitas obras pelo que hoje é um museu feito de peças vindas de outros lados. Nem por isso menos interessante.

Já passava um pouco das 17.30 quando decidimos atravessar Guimarães até ao outro lado, para andar de teleférico.

O teleférico da Penha

Estava entusiasmado. Aquilo era mesmo alto e estava um dia, embora muito quente, ideal para se ver a paisagem.

Éramos 9. Cada cabine levava 6 pessoas. 6 foram na primeira cabine e 3 [incluindo eu] fomos na segunda. E começa a pior viagem da minha vida.

Ao contrário do que esperava, as cabines não tinham nenhum meio de refrescar a não ser umas frestas mínimas. Para o caso de não estarem a perceber eu explico:

Tínhamos acabado de nos fechar num cubículo que passou o dia todo ao sol, no dia mais quente do ano, que não tinha como arejar. Felizmente na minha cabine só éramos 3 e não os 6.
Nunca me senti tão abafado e com tanto calor na minha vida. Beber água não servia de nada porque estava quente.

Foram os piores 10 minutos e, em vez de estar a olhar para baixo, a desfrutar a vista, involuntariamente acabávamos por olhar para cima para ver quando chegávamos. Foi muito mau.

Quando saímos da cabine até o quente dia de verão parecia fresco. Continuamos a subir, mesmo até à Igreja da Penha. Quando lá chegamos, desilusão. A igreja não era assim tão espectacular e a vista... também não. [note-se que esta é a minha opinião]

Depois de refrescar...faltava descer! Tínhamos comprado o bilhete de ida e volta, para além de não ser viável descer aquilo a pé [demorava muito].

O grupo dos 6 voltou a meter-se na cabine fechada mas... nós apanhamos uma cabine de 3 pessoas que está totalmente aberta da parte de trás. Aí sim, não custou muito.

Resumindo, a frase "Ides ver uma grande vista" tornou-se num ícone para o resto do intra rail.

De volta à pousada só tive uma desilusão: em vez do duche de água fria com o qual passei o dia a sonhar, só conseguia água "morna".